21 de set. de 2013

A EVOLUÇÃO DA LUZ ARTIFICIAL E O HOMEM

Este texto faz parte de um artigo que desenvolvi como exercício na cadeira de Trabalho Multidisciplinar, que eu cursei em junho de 2012, no curso de Engenharia Civil na Univates - Lajeado - RS.

1 INTRODUÇÃO

Quem conhecer as coisas nas origens, terá a melhor visão delas.”
Aristóteles (384-322 a.C.)

Não podemos enxergar a luz. Nós enxergamos tudo o que a luz reflete, mas não a luz propriamente dita. Sem luz não vemos nada ao nosso redor e nos sentimos paralisados, sem ação.
A história mostra que no início da sobrevivência humana a luz natural era a que norteava o indivíduo. Com a descoberta do fogo, o homem passa por um processo de evolução. Sendo assim, entra em cena a luz artificial.
A luz artificial dá o suporte à luz natural, a luz do sol, do dia. Atualmente o espaço é projetado buscando utilizar ao máximo os condicionantes da luz natural em busca da sustentabilidade. Porém, é a luz artificial que dá o suporte quando a primeira não atinge os níveis luminotécnicos adequados para as funções que serão realizadas nos espaços projetados. E ainda, ilumina a noite, possibilitando a vida noturna.
           
2 JUSTIFICATIVA E DESCRIÇÃO DO MÉTODO

O presente artigo se justifica pela importância do tema no processo de desenvolvimento da humanidade como um todo. É de fundamental importância conhecer a história da busca incessante do ser humano pela luz artificial, o desenvolvimento de novas tecnologias e os impactos que elas trouxeram ao dia a dia da evolução humana.
Neste artigo, percebe-se o quanto importante foi o fato da descoberta de que o homem podia acender o fogo através da observação da natureza. Esta descoberta, em simples análise, nada mais é do que o inicio da evolução tecnológica do homem.  

O método utilizado no presente artigo foi descritivo, onde se buscou apresentar uma síntese do estudo obtido através de pesquisa bibliográfica feita com leitura de livros, apostilas obtidas em cursos e aulas universitárias, bem como, com o auxílio da internet.

 3 A EVOLUÇÃO

Em busca da sobrevivência no seu habitat, o Homem paleolítico (2.000.000 a.C. a 10.000 a.C.) primeiramente descobre como manter aceso o fogo, que surgia naturalmente na floresta, a fim de criar um espaço de conforto térmico e visual nas noites. Posteriormente, batendo duas pedras e vendo faíscas, entende que pode acender o fogo e, deste modo, passa a iluminar suas noites escuras, privilégio que havia somente quando iluminadas pela lua.
Foi desta forma que o Homem passa a fabricar artificialmente a sua forma de iluminar, obtendo uma nova maneira de viver no seu espaço. O fogo foi à grande descoberta para uma virada na evolução do homem.
Mais tarde, acendendo o fogo para assar um animal, percebe que a gordura que pingava na brasa, fazia aumentar a chama. Então, começa a usar os óleos animais e vegetais junto com fibras naturais para manter o fogo aceso por mais tempo nas “luminárias de pedra”, na Era Neolítica (10.000 a 4.000 a.C).
Foi com o domínio do fogo, que o homem passa a ter mais conforto, mais segurança nas noites escuras, permitindo que pense e observe melhor tudo a sua volta, tendo novas idéias e descobertas. Passa a usar outras matérias como conchas marinhas, chifres de animais e pedras com cavidades naturais para iluminar, chamadas de “lucernas[1]”. Novamente observando o fogo no chão, viu que o fogo secava a argila e a deixava com maior rigidez. Com isso passa a produzir as “lucernas cerâmicas” e outros artigos. A luz já permite então, a introdução da arte na vida das pessoas.
Com a evolução do Homem, conseqüentemente, evolui as técnicas para acender e manter o fogo. Passa a usar o ferro, prata e o ouro para a fabricação de lucernas cada vez mais elaboradas, seguras e eficientes. Surgem as tochas[2] feitas com pedaços de madeira encerrados com a terebintina[3] e com elas, passou-se a transportar a luz. Outro fato importante para a iluminação é que o homem percebe que quanto mais alta a tocha ficava, maior a superfície iluminada. Assim surgiram os castiçais que ajudavam a elevar a chama da luz. As cidades do Império Romano usavam as tochas para a iluminação pública em eventos importantes e para iluminar caminhos por onde passavam as carruagens e cadeiras de transporte dos ricos da época.
Por volta de 3.000 a.C. foram descobertas as velas de bastão no Egito e na Grécia. Feitas com a gordura animal agora em estado pastoso (sebo), não mais líquido e, posteriormente, com a cera de abelha e outros ingredientes. Cada um originando novas descobertas, como por exemplo, a cera que originava uma chama mais brilhante que o sebo. Na Idade Média as velas eram artigos de luxo colocados em detalhados castiçais de prata e madeira.
Nesta época, derivadas dos castiçais, surgem as lanternas metálicas, que com o auxílio de suportes passam a ser penduradas nos muros das casas.
Por anos foram sendo aprimoradas as técnicas para manter o fogo acesso para iluminar. Ainda buscavam soluções para a fumaça e o odor dos óleos, já que os queimadores até então, eram abertos.
Esta situação perdurou até o ano de 1783, quando o suíço François Pierre Ami Argand[4] descobriu que ao se colocar um cilindro de vidro sobre um queimador, a chama tornava-se mais eficiente (iluminava equivalente a 6 velas). A lâmpada de Argand, como passou a ser conhecida, era composta por um pavio inserido num cilindro de vidro, por onde passava uma corrente de ar, que por sua vez, auxiliava na combustão da chama, que ficava mais estável, mais brilhante e gerando menos fumaça e odor. Criou-se então a lâmpada a combustível. Essa invenção permitiu criar lustres mais seguros que iluminavam platéias de teatros, residências e palácios.  
Mas foi em 1792 que o escocês Willian Murdoch[5] através de uma experiência com a destilação de carvão fóssil armazenou o gás obtido e iluminou a sua casa. A iluminação a gás foi de grande importância para a iluminação pública, pois gerou maior segurança para a sociedade e permitiu prolongar o horário social das pessoas, além de ser um grande passo para o desenvolvimento das indústrias. A iluminação a gás possibilitava um maior controle da luz e tinha uma luz mais intensa, um candelabro a gás equivalia a luz de 12 velas.
No século XIX, no ano de 1859 foi descoberto o primeiro veio de petróleo na Pensylvânia, pelo norte americano Eldwin Laurentine Drake. E passou-se a produzir a lâmpada de querosene, pois a matéria era de fácil armazenagem e de custo mais barato que o sistema a gás.
            Com as descobertas até então da luz, o homem já tinha noção da importância que esta fazia em sua vida no dia a dia e que nem saberia mais viver sem ela. E por isso a evolução da luz artificial não parava de ser pesquisada, aperfeiçoada e continua até os dias de hoje.
Na segunda metade do século XIX entra em ação a eletricidade. Alguns cientistas ao longo dos anos chegaram a experimentos que geravam faíscas iluminadas pelas correntes elétricas. Mas Thomas Edison[6] foi o inventor da primeira lâmpada realmente prática no mundo, de viabilidade comercial em 1879. A preocupação desta lâmpada era encontrar um filamento resistente. A grande evolução da época, atualmente já está com os dias contados. Na Europa foi proibida a sua comercialização em 2008 e, aqui no Brasil, deverá ser extinta do mercado até 2015.
A lâmpada incandescente tem uma luz amarela bonita, agradável, confortável, porém a maior parte da energia gasta para o funcionamento dela é desperdiçada em calor ao invés de luz. Para algumas pessoas o calor que esta lâmpada proporciona é agradável, principalmente nos continentes frios, porém a questão atual é a eficiência energética.
Atualmente a evolução das lâmpadas vem sendo muito rápida. Depois das lâmpadas incandescentes vieram às fluorescentes, as halógenas, a vapor e, estamos desvendando, as de LED[7]. Essas por sua vez, entraram no mercado em 1999 e prometem ser a revolução dos próximos anos, pois são ricas em eficiência energética, durabilidade e economia. É a lâmpada ideal para a atual evolução do mundo que busca a sustentabilidade social e dos recursos energéticos.

4  A LUZ E O HOMEM HOJE

Hoje, a luz além de ser um item apenas de sobrevivência na sociedade, tem ganhado espaço cada vez maior na vida das pessoas. Ela não só ilumina, mas auxilia em tratamentos médicos, estimula o melhor rendimento das pessoas no trabalho e cria um melhor ambiente para relaxar. Ela é decorativa e emociona.
Existem pelo mundo, cidades com vida 24horas, indústrias e empresas que funcionam dia e noite devido à evolução da luz e, conseqüentemente, a evolução do ser humano. É cientificamente provado que luz adequada para a função do espaço influi diretamente na motivação para o trabalho e na concentração para o melhor rendimento.
A sua diversidade de cores, intensidades de luz e efeitos, criam cenários para todos os tipos de espaços. Percebe-se a mudança no comportamento do ser humano em espaços mal iluminados e bem iluminados.
A medicina usa os raios infravermelhos em tratamentos de cromoterapia. Cada cor tem reflexos orgânicos e psíquicos, devido aos comprimentos das ondas e a freqüência de cada cor, que liberam a energia que atua no sistema do indivíduo. Outro uso na medicina da luz é o LASER[8], que apresenta características diferentes das outras fontes de radiação existentes no nosso meio e é usado no tratamento de várias doenças.
 A luz deixou de ser somente um ponto específico no meio da sala para clarear. Ela tem funções psíquicas sobre o ser humano. Ela condiciona as atitudes da sociedade e influencia a evolução do homem.


[1]  Lucerna: latim lucerna, candeia, lanterna, vigília, guia, mestre.
[2] Tochas: Haste que tem uma extremidade com substância inflamável, usada para iluminação ou sinalização. [Química]  
[3] Terebintina: [Química]  Resina extraída do terebinto e de outras árvores coníferas e terebintáceas (anacardiáceas).
[4] François Pierre Ami Argand: (05 de julho de 1750 - 14 de Outubro 1803) foi um físico e químico suíço. Ele inventou a lâmpada de Argand, uma grande melhoria na lâmpada a óleo tradicional.
[5] Willian Murdoch: (21 de agosto de 1754 – 15 Novembro de 1939) foi um engenheiro e inventor escocês.
[6]  Thomas Alvan Edison : (Milan, Ohio, 11 de Fevereiro de 1847West Orange, Nova Jérsei, 18 de Outubro de 1931)[1] foi um inventor e empresário dos Estados Unidos que desenvolveu muitos dispositivos importantes de grande interesse industrial.
[7] LED: Light Emitting Diodo – diodo emissor de luz
[8] LASER: Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation, ou seja, Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de Radiação